Vergílio Alberto Vieira, poeta, ficcionista, ensaísta, leitor e professor, nasceu em 1950, na Vila de Amares, e começou a publicar aos 20 anos. O tempo que passou no Ultramar foi determinante para o seu percurso literário, mas também o amor teria tido uma grande influência, pelo menos nos primeiros anos da sua carreira literária. A sua escrita tem uma grande influência dos poetas de língua portuguesa, acima de tudo, mas também dos clássicos gregos e latinos. Foi educado por padres até aos 16 anos. Na sua infância não tinha livros em casa e o que lia era sempre sobre a vigilância do pai. “um jovem nos anos 60 não podia ler o que queria”.
O Projeto de Leitura Pública da Fundação Calouste Gulbenkian com o Serviço de Bibliotecas Itinerantes criado em 1958, por sugestão de Branquinho da Fonseca, foi muito importante para Vergílio Alberto Vieira. O escritor nunca se esquece dos dias em que a Biblioteca Itinerante vinha ao centro da Vila trazer os livros, que de outra forma não os teria lido.
Segundo Vergílio Alberto Vieira, o Largo da Vila era para a maior parte da população local o centro do mundo. Teria sido em primeiro lugar a leitura quem o fez viajar para outros mundos.
Vergílio Alberto Vieira sente dificuldade em situar-se, como ele próprio diz “sou do lugar de onde estou, neste lugar quero morrer”. Nasceu em Amares mas logo de seguida vai viver com os seus pais para Braga, regressa a Amares para fazer o ensino primário na Escola Conde Ferreira, sai novamente para Braga para estudar no Seminário, vai para Angola, faz a sua formação no Porto e a partir daqui percorre várias escolas do país, e acaba por passar quase toda a sua carreira de docente, até 2009, em Lisboa, regressando novamente a Braga.
Vergílio Alberto Vieira viveu o horror da Guerra Colonial e teria sido este momento da sua vida que teria feito com que se dedicasse à literatura. Fez parte da Polícia Militar, em Luanda, entre 1974 e 1975. “Chão de Víboras” e “Pára-me de repente” são resultado das suas vivências que teve em Angola. Sobre a escolha do seu género literário, diz Vergílio Alberto Vieira, escrever o que lhe vai na alma, e o género que melhor se encaixar é o que vai utilizar, desde a poesia, ao teatro, à narrativa ou em forma de ensaio. O escritor vive “dolorosamente apaixonado” e são as suas “obsessões” que alimentam a sua grande obra literária. Entre 1961 e 1967 frequenta o seminário onde os livros eram poucos. Foi através dos textos das seletas literárias que teve o contacto com os textos de grandes autores como Virgílio Ferreira e Miguel Torga, chegava a decorar excertos dos textos destes autores. Guardava o dinheiro que tinha para antes de vir de férias comprar os livros de que gostava. Sai do seminário e tem o seu primeiro emprego num externato em Barcelos, onde fica poucos meses. Vai para o Colégio D. Diogo de Sousa onde faz o 2.º e 5.º ano do Liceu num só ano. Volta para Amares onde se prepara para fazer o exame do 7.º ano. Em 1970 vai para Coimbra para a Faculdade de Direito, curso que acaba por abandonar. Casa nesse mesmo ano. Deste casamento nascem Sofia, Sara e Carmen. Parte para Angola como civil para lecionar em Malange. Em 1974 faz o curso de Oficiais e ingressa na Polícia Militar nesse mesmo ano, onde permanece até 1975. Vem de Angola faz o Curso de Letras, na Faculdade de Letras do Porto. Percorre várias escolas, mas é em Lisboa que faz quase toda a sua carreira enquanto docente. A par dos vários géneros literários que estamos habituados a ver em Vergílio Alberto Vieira, a partir de 1988 dedica-se à literatura para a infância. Vergílio Alberto Vieira está incluído em várias antologias. Está publicado em Espanha, Bulgária, Egito, Moçambique e Brasil. Foi crítico literário na revista África, no Jornal de Notícias, no Faro de Vigo e no Expresso. Foi júri de vários prémios: Vida Cultural, Romance e Poesia (APE); Pen Clube, Correntes d’Escritas, Eixo-Atlântico; Camilo Castelo Branco, Teixeira de Pascoais, Florbela Espanca, Sebastião da Gama. Integrou as direções da APE, do Pen Clube Português, IBBY (International Board on Books for Young People) e AJHLP (A Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto).
A sua primeira obra publicada em 1971, intitulada “Na margem do silêncio”, marca este ano (2021) os 50 anos de edição de Vergílio Alberto Vieira, ano em que dá testemunho da grandiosidade da sua obra, reunindo em dois volumes toda a produção poética editada a partir de 1980, intitulada “Novos trabalhos novos danos”.
Para ver os livros do autor existentes na nossa biblioteca consulte o nosso catálogo em https://municipioamares.pt/pacweb/SearchResult.aspx?search=Verg%C3%ADlio%20Alberto%20Vieira&SF=BM&SM=S