AquaLibri é o nome da nova Biblioteca Digital do Cávado, um projeto desenvolvido pela Rede Intermunicipal de Bibliotecas de Leitura Pública do Cávado (RIBCA), criada em 2018 no âmbito da Comunidade Intermunicipal do Cávado (CIM Cávado), englobando as bibliotecas municipais de Amares, Barcelos, Braga, Esposende e Vila Verde e o município de Terras de Bouro. Prestes a abrir portas para o mundo, esta biblioteca foi financiada pelo programa PADES, da Direção Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas (DGLAB) e tem por objetivo disponibilizar, em suporte digital e em acesso livre, a documentação bibliográfica, visual, multimédia, entre outras, mais relevante da história de cada Município.
Usando o software DSPACE, parametrizado por uma equipa técnica da Unidade dos Serviços de Documentação e Bibliotecas da Universidade do Minho, a AquaLibri ficará alojada num servidor da CIM Cávado adquirido especificamente para este efeito e será a porta local para o acesso ao conteúdo de muita documentação que ao Minho diz respeito, a partir de agora acessível em qualquer parte do mundo. Construída utilizando, sempre que possível, um software de reconhecimento ótico de carateres (OCR) que permite a manipulação do texto (pesquisar dentro de cada documento, copiar palavras ou frases, imprimir, etc.) e apresentando documentos descritos por metadados que permitem a sua recuperação através de qualquer motor de busca, como o Google, independentemente do acesso direto à biblioteca, este novo portal de acesso à documentação patrimonial, histórica e científica regional assegurará também a preservação digital dos documentos, identificando-os através de descritores únicos de objetos digitais.
Acompanhando a criação da biblioteca digital do Cávado, as bibliotecárias e profissionais da informação da região usufruirão de uma formação especializada, que lhes permitirá gerir e desenvolver o projeto, que ambiciona constituir-se como o grande repositório de documentação regional, espelhando os municípios do Cávado nas suas várias vertentes, desde a histórica e patrimonial, à natural, geográfica e física, da sociedade e cultura material à cultura imaterial.
A AquaLibri é, além disso, um projeto participativo, que pretende estimular os cidadãos a colaborar enviando para arquivo imagens, documentos de família e outros recursos de informação que retratam a paisagem humana e física da região.
Do lote de recursos bibliográficos e documentais que constituirão as coleções iniciais e, para além da migração da Biblioteca Digital do Município de Esposende para a AquaLibri, muita outra documentação foi entregue a uma empresa especializada, para digitalização, no passado dia 7 de maio de 2021, nomeadamente:
– Da Biblioteca Municipal Francisco de Sá de Miranda, de Amares, as coleções completas de três jornais locais (“O Amarense”, “Tribuna Livre” e “A Voz da Abadia”), datados de entre finais do século XIX e o século XX, contabilizando no total 1118 números (esta documentação foi emprestada pela Biblioteca Pública de Braga ao Município de Amares para digitalização), reportando-se a restante documentação a algumas obras do Fundo Local com edições esgotadas ou em estado de conservação frágil.
– De Barcelos, uma valiosa coleção de jornais do século XIX, como “O Ecco de Barcellos” (1860), o “Barcellense” (1873), a “Folha da Manhã “(1879) e “O Commercio de Barcellos” (1890) e ainda um conjunto de monografias que integram o valioso espólio da Barceliana, num total de 16800 páginas a serem digitalizadas ;
– Da Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, de Braga, as publicações de um fundo especial do Município de Braga: códices e cartas régias, pergaminhos e livros da operação da Photographia Alliança, bem como documentos do fundo especial Lúcio Craveiro da Silva, monografias sobre personalidades e instituições do concelho de Braga, num total de cerca de 285 recursos de informação, entre analíticos e monografias.
– De Esposende, várias coleções de jornais locais, como o “Brisa do Mar”, o “Jornal de Esposende” ou o “Farol de Esposende” e a raríssima “Revista do Minho para o Estudo das Tradições Populares”, dirigida por José da Silva Vieira, editada em Barcelos e Esposende (1885);
– Do Município de Terras de Bouro, diversas monografias do espólio documental do Arquivo Municipal alusivas ao Concelho (entre as quais alguns artigos sobre o Gerês e monografias há muito esgotadas, cedidas pelo antigo diretor da Biblioteca Pública de Braga, Dr. Henrique Barreto Nunes), bem como a coleção completa do extinto jornal “O Geresão”.
– Da Biblioteca Municipal Machado Vilela, de Vila Verde, para além da integração da coleção já digitalizada do periódico oitocentista “Folha de Villa Verde”, a obra completa do patrono, Prof. Álvaro Machado Vilela (um dos fundadores do Direito Internacional em Portugal, professor catedrático da Universidade de Coimbra e juiz dos tribunais Mistos do Egipto), bem como parte da sua biblioteca particular e, ainda, os primeiros 21 anos do jornal “O Vilaverdense” (1955-1976), uma coleção, ainda que incompleta, do mensário “Jornal da Vila de Prado”, gentilmente cedida pela Casa do Povo de Prado, monografias locais e obras do fundo antigo da biblioteca, incluindo uma raríssima edição de 1542 do “De Preparatione ad mortem”, de Erasmo de Roterdão.
Em comum, estas coleções têm a singularidade de se referirem ao Minho, serem raras e valiosas e o acesso público ser difícil pelo que, com o projeto agora em curso, ficarão a fazer parte da memória pública da região, em acesso aberto na Aqualibri, Biblioteca Digital do Cávado, um projeto inovador, inclusivo e participativo.